O que explica a riqueza do Brasil?
O que realmente move o Brasil?
Ticiano Cardoso
8/21/20252 min read
Somos, antes de tudo, uma economia de serviços.
Por décadas, tanto no Brasil quanto nos EUA, políticos e analistas alimentaram um certo fetiche pela indústria.
Na cabeça de muitos, reindustrializar seria sinônimo de prosperidade, empregos e segurança econômica.
Mas a realidade não combina com esse discurso.
A matéria da The Economist deixa isso cristalino:
Mesmo que as fábricas voltem, os empregos não voltam.
A indústria moderna é altamente automatizada, robotizada e intensiva em capital — não em mão de obra.
O mesmo vale para o Brasil.
• Indústria representa cerca de 24,7% do PIB.
• Agropecuária primária, cerca de 6,5%.
• E o que realmente sustenta a economia brasileira?
O setor de serviços — que responde por aproximadamente 68,8% do PIB.
O Brasil não é um país do agro. Nem da indústria.
O Brasil é, como qualquer economia madura, uma economia de serviços.
⸻
E por que isso importa?
Porque é no setor de serviços que estão:
• A maior parte dos empregos.
• A maior parte do PIB.
• E, sobretudo, o futuro da geração de riqueza.
Só que aqui vem o ponto central:
O setor de serviços não é apenas comércio, restaurante e atendimento.
Ele é, na verdade, a própria infraestrutura invisível que faz a economia funcionar.
Ele inclui:
• Tecnologia, dados, inteligência artificial, softwares, cloud, cibersegurança.
• Energia, saneamento, mobilidade, logística, transporte e redes urbanas.
• Saúde, educação, finanças, seguros, consultoria, jurídico e mercado imobiliário.
• Serviços técnicos, manutenção, engenharia, reparos, infraestrutura digital e física.
Toda a economia gira em torno disso.
Mesmo o agro e a indústria só funcionam porque são integrados a cadeias de serviços.
⸻
O setor de serviços não é um complemento.
Ele é a economia.
E quanto mais sofisticada uma sociedade, mais ela se apoia em serviços complexos, tecnológicos, digitais, sustentáveis e de alto valor agregado.
Serviços de alto valor não são, por definição, limitados ao mercado local.
Eles são parte de cadeias globais — de dados, de energia, de finanças, de tecnologia, de logística e de conhecimento.
⸻
E como se fomenta o setor de serviços?
De três formas principais:
1. Capital humano:
Formação técnica, digital e profissional. Quem domina dados, redes, processos e tecnologia, domina o jogo.
2. Infraestrutura inteligente:
Energia limpa, saneamento, transporte, logística, dados, conectividade. Sem isso, não há serviços de alto valor.
3. Ambiente de negócios eficiente:
Menos burocracia, segurança jurídica, marcos regulatórios claros e integração global.
⸻
E como as pessoas participam dele?
• Se qualificando.
• Migrando para atividades técnicas, digitais, operacionais ou analíticas.
• Prestando serviços, empreendendo ou se inserindo em cadeias de energia, dados, logística, manutenção, software, saúde, finanças ou consultoria.
É aqui que está o crescimento.
É aqui que está o dinheiro.
É aqui que está o futuro.
⸻
E, no final, aqui está a verdade incômoda (e libertadora):
Futuro não se faz com nostalgia.
Se faz olhando para a economia como ela é — não como gostaríamos que fosse.
O Brasil do futuro não se constrói nas fábricas, nem nas fazendas.
Se constrói nas conexões. Nas redes. Nos serviços. Na inteligência. Na tecnologia. E, sobretudo, nas pessoas.
⸻
Fonte: Factory work is overrated. Here are the jobs of the future.
The Economist, 10 de junho de 2025.
🔗 Leia a matéria completa aqui: https://www.economist.com/finance-and-economics/2025/06/10/factory-work-is-overrated-here-are-the-jobs-of-the-future
Consultoria econômica com visão sistêmica e soluções éticas.
Pronto para transformar dados em decisões estratégicas? Vamos conversar!
📧 contato@ticianocardoso.com
© 2025. All rights reserved.
